segunda-feira, 15 de março de 2010

Sobretudo Quando Chove
Gerson Borges
Se apenas uma escolha me restasse,
eu levaria o pôr-do-sol,
ou se uma só herança me bastasse,
um rouxinol
que cantasse a dor das distâncias
e curasse essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.

Se toda a poesia, numa palavra,
eu ficaria com "jardim"
e, um tipo só de arbusto ali se lavra,
o alecrim,
concentrando o cheiro do longe,
acalmando essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.

E chove, e chove, chove sem parar,
enquanto eu canto, canto,
ao te esperar.

Se cada vez que eu penso no teu rosto,
vento virasse um vendaval,
desabaria o céu com muito gosto,
que temporal!
Tormenta no mar da memória,
rimando com essa saudade
a me invadir enquanto eu canto,
sobretudo quando chove.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A GUERRA PELO FOGO

Há um filme de 1981 de Jean-Jacques Annaud chamado “A Guerra do fogo”, que narra a dificuldade que os homens da antiguidade tiveram em conseguir fogo.
O Filme (apesar de sua teoria totalmente evolucionista, com seus “homens de Neandertal” existentes há 80.000 anos, divididos em tribos de diferentes níveis de evolução!) pode ser um bom exemplo da história do fogo.
O longa-metragem não traz nenhum diálogo, só grunhidos. A linguagem dos componentes das tribos é totalmente em expressão corporal e facial, com gritos e urros, exprimindo as suas dores, prazeres e emoções; mudando de tonalidade vocal e de linguagem de acordo com o que parece ser a “evolução da tribo”. A cena inicial da película começa com legendas dizendo o seguinte:

“Há 80.000 anos, a sobrevivência do homem em uma terra inexplorada dependia da posse do fogo. Para aqueles seres primitivos o fogo era um mistério, já que ninguém havia comandado sua criação. O fogo tinha que ser roubado da natureza, mantido acesso, protegido do vento, da chuva e das tribos rivais. O fogo era um símbolo de poder e um meio de sobrevivência. A tribo que possuía o fogo possuía a vida”.(4)

Assistindo ao filme fiquei refletindo sobre em toda essa questão do fogo, e de que como hoje em dia, quase não pensamos nele. A chama para nós se transformou numa coisa muito natural e habitual. Riscamos um fósforo ou ligamos o acendedor automático do fogão e nem imaginamos o grande problema que os homens antigos tiveram para conseguir fogo na natureza e a dificuldade da manutenção da chama acessa.
O filme mostra essa dificuldade. A história começa com o fogo de uma tribo sendo apagado num ataque de uma tribo rival. É de se emocionar ao ver a cara de decepção de um dos personagens diante do braseiro já apagado quando tenta em vão reacender a chama. O fogo que era mais cobiçado do que qualquer coisa hoje em dia, e dava aos que o possuíam poder e status.
Três membros dessa tribo saem à procura do fogo; ou aceso na natureza (produzido por um raio, etc.) ou num acampamento de uma tribo adversária.
Na jornada eles passam por várias dificuldades (lutas com tribos rivais, perseguição de animais), mas conseguem superar cada problema, aprendendo cada vez mais com os obstáculos. Um deles, aliás, se envolve com a fêmea de uma tribo mais evoluída (ao salvá-la de canibais), que dominava a produção do fogo.
No final do filme ela ajuda seu amado e sua tribo produzir fogo friccionando rápida e continuamente entre as mãos, um bastão de madeira dura apoiado numa base de madeira.
A gente se emociona de novo ao ver a alegria dos personagens nas primeiras fumaças produzidas pelo artefato e o êxtase deles diante daquela chama.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PERDÃO

“O perdão sincero tem o poder de amolecer o coração mais duro”.
Jesus em Mt 5:23 diz: “ Se pois , ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti (24), deixa perante o altar a tua oferta, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” Perdoar não é fácil, reconheço que não é simplesmente “apertar um botão” e as coisas irão se resolver automaticamente. Emoções ficam armazenadas. Certo dia eu ouvi alguém dizendo que muitas vezes o sentimento que temos ao ser ofendido é como se alguém enfiasse uma faca em nosso peito dando várias voltas e no mesmo instante, arrependido fosse pedir perdão. Nós diríamos: Agora não, está doendo! Deixa acontecer a cura primeiro!!
Mas se perdoar não é fácil, perdoar é necessário. E Jesus é extremamente sério nesta questão, ao dizer por exemplo que aquele que ao levar a oferta ao altar e ali lembrasse de que seu irmão tivesse algo contra ele, a oferta deveria ser deixada no altar e a reconciliação deveria ser feita (cf. Mt 5:23-25).
Na oração do Pai nosso Jesus é enfático: “ Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste, vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6:14,15).
Jesus nos mostra na parábola do credor incompassível, que ele narra depois de responder a Pedro que deve-se perdoar não até sete vezes, mas até setenta vezes sete (Mt 18:21,22), que o padrão do reino é o seguinte: quem foi perdoado, deve perdoar os outros. Se Deus nos perdoou em Cristo, todas as demais questões se tornam pequenas.

CUPINS

Havia uma cidade que possuía uma árvore muito antiga, que ficava bem no centro. Essa árvore tinha sido plantada por um dos seus fundadores. Pessoas de longe visitavam aquela cidade para ver aquela árvore gigantesca, uma sequóia de vários metros de comprimento, muito robusta e muito antiga. A prefeitura tombou-a como monumento histórico da cidade e cercou-a com uma cerca bem bonita.
Certo dia aquela árvore que parecia indestrutível caiu. Técnicos vieram examina-la e descobriram que a causa da queda foi a contaminação desta árvore por pequenos cupins, imperceptíveis ao olho humano, que começaram a comer a madeira. Foram vários anos, não foi de um dia só. Vários anos naquela situação fizeram aquela árvore cair.
Em semelhança a esses pequenos cupins e sua simbologia em relação ao pecado e a pequena “guimba” do cigarro, algo insignificante causando estragos gigantescos.
Há pecados como esses cupins, que vão minando a resistência espiritual da pessoa, até que a estrutura cede, até que a casa cai. Há pecados como essa “guimba”, começando com um pequeno desleixo e atingindo proporções desastrosas e nossas almas.
CARLOS COUTINHO

Uma perplexidade diante do Deus Invisível, Misterioso, Livre e Soberano

Aleksandr Mien conta que Pompeu depois de entrar em Jerusalém, (graças a Aristóbulo que se rende aos romanos e o partido de Hircano que lhe abre as portas da cidade), enfrenta durante 3 meses a resistência de judeus que não queriam aceitar a intrusão de estrangeiros e trancaram-se na cidadela do Templo, prontos para resistir até a morte. Quando conseguem destruir uma das torres e adentrar no Templo, ficaram pasmados vendo os sacerdotes não interromperem a sagrada função, ainda que em meio aos combates. Durante todo esse tempo em que as guardas opuseram uma resistência desesperada e ferrenha, os sacerdotes jamais abandonaram o altar, e todos tombaram ali mesmo, ao lado de seus defensores. Prevalecendo-se do direito de vencedor, Pompeu decidiu visitar todas as dependências do famoso Templo, inclusive o Debir, o Sancta Sanctorum (Santo dos Santos), ao qual só o sumo sacerdote tinha acesso e apenas uma vez por ano.
O comandante romano cometeu tal profanação movido por uma curiosidade irresistível: circulavam boatos bastante estranhos sobre a religião dos judeus. Alguns diziam que existia no Debir uma estátua de ouro representando a cabeça de um burro; outros, ao contrário, sustentavam que ali era mantido segregado um homem, condenado a ser sacrificado em holocausto...Por isso, os ocupantes não podiam resistir a curiosidade. O que se escondia realmente naquele lugar secreto? Que surpresas inauditas o misterioso Oriente reservava aos povos do Ocidente!...
Num silêncio carregado de ansiedade, o pesado véu foi descerrado e... o estupor de Pompeu e dos seus oficiais ultrapassou qualquer limite. Eles esperavam ver ali alguma coisa extraordinária, pelo menos uma imagem, lindíssima ou horrenda. Mas o Sanct Sanctorum era vazio. Habitado pelo invisível...
Tomados por um estranho assombro, mesclado a um terror supersticioso, os romanos abandonaram o lugar sagrado, temendo até roçar aquilo que seus olhos viam.