segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A GUERRA PELO FOGO

Há um filme de 1981 de Jean-Jacques Annaud chamado “A Guerra do fogo”, que narra a dificuldade que os homens da antiguidade tiveram em conseguir fogo.
O Filme (apesar de sua teoria totalmente evolucionista, com seus “homens de Neandertal” existentes há 80.000 anos, divididos em tribos de diferentes níveis de evolução!) pode ser um bom exemplo da história do fogo.
O longa-metragem não traz nenhum diálogo, só grunhidos. A linguagem dos componentes das tribos é totalmente em expressão corporal e facial, com gritos e urros, exprimindo as suas dores, prazeres e emoções; mudando de tonalidade vocal e de linguagem de acordo com o que parece ser a “evolução da tribo”. A cena inicial da película começa com legendas dizendo o seguinte:

“Há 80.000 anos, a sobrevivência do homem em uma terra inexplorada dependia da posse do fogo. Para aqueles seres primitivos o fogo era um mistério, já que ninguém havia comandado sua criação. O fogo tinha que ser roubado da natureza, mantido acesso, protegido do vento, da chuva e das tribos rivais. O fogo era um símbolo de poder e um meio de sobrevivência. A tribo que possuía o fogo possuía a vida”.(4)

Assistindo ao filme fiquei refletindo sobre em toda essa questão do fogo, e de que como hoje em dia, quase não pensamos nele. A chama para nós se transformou numa coisa muito natural e habitual. Riscamos um fósforo ou ligamos o acendedor automático do fogão e nem imaginamos o grande problema que os homens antigos tiveram para conseguir fogo na natureza e a dificuldade da manutenção da chama acessa.
O filme mostra essa dificuldade. A história começa com o fogo de uma tribo sendo apagado num ataque de uma tribo rival. É de se emocionar ao ver a cara de decepção de um dos personagens diante do braseiro já apagado quando tenta em vão reacender a chama. O fogo que era mais cobiçado do que qualquer coisa hoje em dia, e dava aos que o possuíam poder e status.
Três membros dessa tribo saem à procura do fogo; ou aceso na natureza (produzido por um raio, etc.) ou num acampamento de uma tribo adversária.
Na jornada eles passam por várias dificuldades (lutas com tribos rivais, perseguição de animais), mas conseguem superar cada problema, aprendendo cada vez mais com os obstáculos. Um deles, aliás, se envolve com a fêmea de uma tribo mais evoluída (ao salvá-la de canibais), que dominava a produção do fogo.
No final do filme ela ajuda seu amado e sua tribo produzir fogo friccionando rápida e continuamente entre as mãos, um bastão de madeira dura apoiado numa base de madeira.
A gente se emociona de novo ao ver a alegria dos personagens nas primeiras fumaças produzidas pelo artefato e o êxtase deles diante daquela chama.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PERDÃO

“O perdão sincero tem o poder de amolecer o coração mais duro”.
Jesus em Mt 5:23 diz: “ Se pois , ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti (24), deixa perante o altar a tua oferta, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” Perdoar não é fácil, reconheço que não é simplesmente “apertar um botão” e as coisas irão se resolver automaticamente. Emoções ficam armazenadas. Certo dia eu ouvi alguém dizendo que muitas vezes o sentimento que temos ao ser ofendido é como se alguém enfiasse uma faca em nosso peito dando várias voltas e no mesmo instante, arrependido fosse pedir perdão. Nós diríamos: Agora não, está doendo! Deixa acontecer a cura primeiro!!
Mas se perdoar não é fácil, perdoar é necessário. E Jesus é extremamente sério nesta questão, ao dizer por exemplo que aquele que ao levar a oferta ao altar e ali lembrasse de que seu irmão tivesse algo contra ele, a oferta deveria ser deixada no altar e a reconciliação deveria ser feita (cf. Mt 5:23-25).
Na oração do Pai nosso Jesus é enfático: “ Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste, vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6:14,15).
Jesus nos mostra na parábola do credor incompassível, que ele narra depois de responder a Pedro que deve-se perdoar não até sete vezes, mas até setenta vezes sete (Mt 18:21,22), que o padrão do reino é o seguinte: quem foi perdoado, deve perdoar os outros. Se Deus nos perdoou em Cristo, todas as demais questões se tornam pequenas.

CUPINS

Havia uma cidade que possuía uma árvore muito antiga, que ficava bem no centro. Essa árvore tinha sido plantada por um dos seus fundadores. Pessoas de longe visitavam aquela cidade para ver aquela árvore gigantesca, uma sequóia de vários metros de comprimento, muito robusta e muito antiga. A prefeitura tombou-a como monumento histórico da cidade e cercou-a com uma cerca bem bonita.
Certo dia aquela árvore que parecia indestrutível caiu. Técnicos vieram examina-la e descobriram que a causa da queda foi a contaminação desta árvore por pequenos cupins, imperceptíveis ao olho humano, que começaram a comer a madeira. Foram vários anos, não foi de um dia só. Vários anos naquela situação fizeram aquela árvore cair.
Em semelhança a esses pequenos cupins e sua simbologia em relação ao pecado e a pequena “guimba” do cigarro, algo insignificante causando estragos gigantescos.
Há pecados como esses cupins, que vão minando a resistência espiritual da pessoa, até que a estrutura cede, até que a casa cai. Há pecados como essa “guimba”, começando com um pequeno desleixo e atingindo proporções desastrosas e nossas almas.
CARLOS COUTINHO

Uma perplexidade diante do Deus Invisível, Misterioso, Livre e Soberano

Aleksandr Mien conta que Pompeu depois de entrar em Jerusalém, (graças a Aristóbulo que se rende aos romanos e o partido de Hircano que lhe abre as portas da cidade), enfrenta durante 3 meses a resistência de judeus que não queriam aceitar a intrusão de estrangeiros e trancaram-se na cidadela do Templo, prontos para resistir até a morte. Quando conseguem destruir uma das torres e adentrar no Templo, ficaram pasmados vendo os sacerdotes não interromperem a sagrada função, ainda que em meio aos combates. Durante todo esse tempo em que as guardas opuseram uma resistência desesperada e ferrenha, os sacerdotes jamais abandonaram o altar, e todos tombaram ali mesmo, ao lado de seus defensores. Prevalecendo-se do direito de vencedor, Pompeu decidiu visitar todas as dependências do famoso Templo, inclusive o Debir, o Sancta Sanctorum (Santo dos Santos), ao qual só o sumo sacerdote tinha acesso e apenas uma vez por ano.
O comandante romano cometeu tal profanação movido por uma curiosidade irresistível: circulavam boatos bastante estranhos sobre a religião dos judeus. Alguns diziam que existia no Debir uma estátua de ouro representando a cabeça de um burro; outros, ao contrário, sustentavam que ali era mantido segregado um homem, condenado a ser sacrificado em holocausto...Por isso, os ocupantes não podiam resistir a curiosidade. O que se escondia realmente naquele lugar secreto? Que surpresas inauditas o misterioso Oriente reservava aos povos do Ocidente!...
Num silêncio carregado de ansiedade, o pesado véu foi descerrado e... o estupor de Pompeu e dos seus oficiais ultrapassou qualquer limite. Eles esperavam ver ali alguma coisa extraordinária, pelo menos uma imagem, lindíssima ou horrenda. Mas o Sanct Sanctorum era vazio. Habitado pelo invisível...
Tomados por um estranho assombro, mesclado a um terror supersticioso, os romanos abandonaram o lugar sagrado, temendo até roçar aquilo que seus olhos viam.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

QUANTO VALE O HOMEM

O químico inglês, professor Charles Henry Maye, que procedeu a estudos especiais sobre o valor químico do homem, chegou às seguintes conclusões curiosíssimas:
Com a gordura do corpo de um homem normalmente constituído podem-se fabricar sete sabonetes. Conta o nosso organismo com açúcar suficiente para adoçar uma xícara de café, e ferro para o fabrico de um prego de tamanho médio. O fósforo existente no homem daria para dois mil e duzentos palitos.Com o magnésio que o corpo humano contém seria possível tirar uma fotografia.
Todas essas matérias-primas estão avaliadas em US$ 1,00 – que
é quanto representa cada um de nós, quimicamente.
A matéria fica nada vale. O importante é aquilo que está dentro de você a sua alma.

Um contentamento sem reservas

Certo dia eu vi uma pessoa discutindo com o cobrador de um ônibus por causa da falta de troco. Eram apenas algumas moedinhas que com certeza não iriam fazer falta no orçamento daquele homem: “vocês sempre fazem isto”, ele dizia irritado!
Quantas vezes somos como esse homem. Fazemos questão de mixarias materiais e também espirituais. Cobramos do irmão que não nos deu atenção, cobramos dos filhos que estão distantes, cobramos da Igreja que não tem dado o alimento espiritual necessário.
Ficamos como o povo de Israel que perto de receber a benção reclamaram a falta das “moedinhas” de Faraó, do Egito e perderam o tesouro da terra prometida.
Anthony de Melo conta a história de um homem salvo do mar:
“ Durante a Segunda guerra, um homem ficou ao sabor das ondas em uma jangada durante 21 dias antes de ser salvo.
Quando lhe perguntaram se aprendera alguma coisa com essa experiência, ele respondeu:
- Sim, se eu tiver bastante comida para comer e bastante água para beber, serei extraordinariamente feliz pelo resto da vida.” (3)

Como poderíamos aprender com este homem! Ele descobriu da pior maneira, que bastaria pouca coisa para que ele estivesse feliz. Muitas vezes não estamos satisfeitos com o que temos , somos, ou queremos. Lutamos se possível sem prestar atenção se estamos agradando a Deus ou não, com a nossa insatisfação exagerada.
O engraçado é que às vezes vejo contendas e insatisfações de onde deveria sair amor. Vejo iras aonde devia ver perdão. Algumas vezes pessoas dentro das Igrejas se digladiam por posições, por cargos. Outras simplesmente fazem beicinhos e dizem:
“Estou entregando o meu cargo, estou saindo do departamento, da Igreja ”, numa atitude apenas de barganha.
Carlos Coutinho

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Porque o mal?

Sir Ian Mckellen, o grande ator shakespeariano, que já interpretou vilões de todos os tipos e modalidades, afirmou o seguinte: “Uma das poucas lições que aprendi estudando personagens horríveis é que são essencialmente humanos, e que todos nós somos capazes de fazer quase tudo.”
Sir Ian Mckellen errou num ponto: os seres humanos são capazes de tudo!Sendo ator, ele interpretou personagens dos mais vis e inimagináveis, mas o homem tem sido capaz dos pecados absurdamente mais grosseiros, que a mente de um escritor jamais poderia imaginar. O homem separado de Deus pode realmente fazer tudo.
Uma pessoa certa vez me afirmou que a situação do mundo está melhorando. Mostrou-me os avanços tecnológicos e de maneira confiante tentou me mostrar que morrem menos pessoas hoje em dia do que em épocas antigas, e que o mal esta sendo debelado com o saber. Não é isso que os jornais me mostram. Os que acreditam numa evolução da espécie, devem explicar porque o mal só tende a piorar no ser humano. Jesus ao trazer um quadro do fim dos tempos afirmou que por se multiplicar a iniqüidade o amor se esfriará de quase todos (Mt 24:12)
O mal não foi criado por Deus e na verdade o homem não foi criado pecador, mas o homem através de sua própria escolha, consciente e voluntária, caindo da posição a qual fora criado e sendo expulsos do Éden.
O apóstolo Paulo afirmou: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5:12).
A lei do Antigo Testamento não tornava ninguém justo, apenas salientava a condição e o pleno conhecimento do pecado (cf. Rm 3:9,20).
Todos pecaram e se tornaram carentes da glória de Deus (Rm 3:23). Miserável, banido e completamente separado da presença divina o homem se tornou alguém precisando desesperadamente de perdão, para voltar a desfrutar da paz com Deus.
A falta de paz com Deus trouxe um vazio no ser humano: Ao ser perguntada por um apresentador de TV, o quanto tinha gasto com terapeutas, uma famosa colunista social admitiu: “muitos apartamentos!”.
Deus decidiu (antes da fundação do mundo, antes até da própria existência do pecado - Cf. Ef 1:4, I Pe 1:20, Ap 13:8) que somente um fato poderia apagar a mancha terrível do pecado. O Cordeiro de Deus deveria ser entregue em sacrifício, provando o amor de Deus pela raça humana. O apóstolo Paulo afirma: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”
Somente em Jesus há a possibilidade de salvação (At 4:12), senão, como disse C.S. Lewis, Deus teria providenciado outra alternativa, ao invés de dar seu Filho Unigênito.
A morte de Jesus Cristo trouxe a reconciliação entre Deus e os homens: “Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5:10).
Deus resolveu o problema do pecado na cruz do calvário (Is 53:4,5,10,11). Por fé o homem crê e recebe o perdão, sendo justificado gratuitamente, pela graça de Deus, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (cf. Rm 3:24).
Carlos Coutinho

Amansando a “fera”

Era de se esperar um dia como outro qualquer, o domingo prometia muita felicidade. Ao chegar na escola dominical encontro um rapaz, membro de nossa igreja, que estava furioso, dizendo praticamente os gritos que exigia uma carta porque iria embora da Igreja.
E eu tentando amansar a fera, que dizia a carta deveria ser providenciada naquele momento, a gente deveria se virar.
Eu dizia com carinho: “rapaz não se age dessa maneira, vamos conversar!” .
Seu semblante era provocador e irreverente, me deixando muito chateado com aquela situação.
Indo para a Igreja no culto à noite eu disse a minha esposa, acho que não tem jeito, o fulano vai sair da Igreja.
Ao chegar e eu me lembro que estava perto do quadro de aviso, e o jovem rapaz já se encontrava no templo, perto do altar. Ele olhou para mim e veio em minha direção. Tive medo naquele momento, eu falei com Deus : “Jesus tem misericórdia, se eu correr vai ficar feio, ponha um freio nele Jesus! ele vai querer brigar comigo agora e não tinha ninguém para me ajudar.
Ele chegou perto, disse o meu nome e me abraçou e chorou, chorava a ponto de suas lágrimas molharem a minha blusa, dizendo entre soluços: “Por favor, me perdoa, me perdoa, eu errei.”.
Confesso que nesse momento eu fui literalmente “quebrado” e desconcertado com a atitude de arrependimento.
Quantas vezes alguém já foi preparado para brigar e ao ouvir um pedido de perdão ficou “desconcertado” e além de perdoar, acabou ficando amigo da pessoa que tinha errado?
Carlos Coutinho

Quando a alma incendeia e arde de dor

Só Deus poderia saber o que se passava na cabeça deste homem. Cristão desde criança, não estava mais suportando as perdas em sua vida. Sua família estava totalmente destruída em sua opinião.
Seu casamento era um modelo de perfeição para muita gente, mas sua esposa, o amor de sua vida, o tinha abandonado e, mudando para outra cidade deixou para ele cuidar dos dois filhos adolescentes.
Quantas tardes melancólicas passamos deduzindo e conjecturando o que Deus estava querendo. Fizemos planos de como o Senhor iria honrá-lo diante de todos que ficaram decepcionados, ou estavam escandalizados. Logo surgiram os amigos de Jó com todas as respostas prontas que o “meio Evangélico” muitas vezes ama falar num simplismo absurdo.
Quantas culpas foram colocadas em cima dele, muitas vezes duvidando de sua hombridade e honestidade e o culpando, pois certamente, na cabeça desses “amigos de Jó”, tudo o que ocorrera era conseqüência de pecados que ele tinha cometido.
Ele passou por essa fase inicial heroicamente afirmando que deveria ser apenas uma fase e que tudo iria correr bem. Ouviu profecias que fundamentavam aquela fé ardorosa que tinha na alma; Chegou a fazer defesas apaixonadas do retorno de sua amada, Deus iria trazê-la.
Então o susto! Ela, que era um exemplo de virtude, estava morando com outro, era um namorado de adolescência, que segundo ela não tinha conseguido esquecer mesmo depois de vinte anos de casamento.
A perplexidade se instalou na alma, a depressão que era de certa forma controlável, se tornou intensa a ponto de desejar a morte. Se Deus não dá provação acima das forças como afirma as Escrituras, lá no fundo de sua alma ele achava que Paulo deveria ter errado, pois não estava suportando o fardo em sua vida.
Certa vez ele me confessou que não tinha coragem de praticar qualquer maldade, mas agora poderia compreender o que acontecia na alma, e a profunda dor no coração de quem praticava um crime passional.
Quantas incompreensões ele passou, resolveu se afastar de sua igreja, por não ter coragem de olhar na cara das pessoas e também por muitas incompreensões que sofreu no ambiente religioso. Resolveu investir na sua vida emocional, apesar de nunca conseguir esquecer sua esposa, não consegui. Sofreu com algumas pessoas que duvidaram da sua sinceridade e honestidade.
Certa vez ouvi de alguém que meu amigo não era convertido, porque parece que para essa pessoa ele não tinha a maquiagem de “super-homem espiritual” vendida no mercado evangélico. Logo defendi esse meu amigo e o que ficou no meu coração depois disto é que, na verdade, apesar de seu temperamento melancólico e depressivo, ele é um dos maiores homens de Deus que conheci. Realmente ele é um grande mestre na Palavra, ninguém que conheço conseguiu ter tantos “insights” a respeito do sofrimento.
Ele me ensinou que não estamos livres de passar por grandes dificuldades e que Deus é livre e Soberano para fazer o que quiser; E que é possível viver no deserto mais intenso, profundo e escuro de sua vida conseguir manter a sua fé intacta.
Esse meu amigo tinha um grande amor por Deus e uma reverência por Sua Palavra, e em relação à igreja, a conhecia como necessária, como um lugar de Comunhão e adoração, mas percebia muitas coisas o irritava nos cultos: As falsas promessas de alguns pregadores dizendo que Deus iria fazer um monte de coisas, e quando aquilo não acontecia, eles colocavam culpa na falta de fé do indivíduo.
Ele dizia que a maneira de tratar com cada um é, individualizada, e cabia ao pregador pregar a palavra. Não suportava também a “obrigação” de ser alegre todo o tempo no ambiente religioso, pois a vida no seu modo de entender não é só “festa”, devendo ter tempo para tudo (inclusive ás lágrimas, clamores, contrição e tristeza).
Odiava também o hábito de muitos evangélicos de desejarem ter todos os versículos bíblicos decorados e todas as razões e respostas prontas para as calamidades da vida; As dúvidas, as perplexidades, o silêncio de Deus e incoerências das situações também fazem parte da vida do Cristão.
Certo dia num culto ficou profundamente perturbado com a “alegria” do lugar, e com algumas maquiagens de santidade (é lógico que seu estado depressivo poderia estar dando a ele, com certeza, uma visão bem distorcida!) e resolveu ir para um lugar aonde ele fosse o mais alegre de todos; Saiu dali no mesmo instante e foi para um velório.
Desde muito, quando tinha essas crises de depressão, tinha uma simpatia por funerais. Gostava das musicas que se cantavam nos funerais de evangélicos, da tristeza não fingida, do choro do fundo da alma.

Carlos Coutinho